domingo, 28 de abril de 2013

Dos combustíveis literários


                                                           Dia 12

Viver não é parar: é continuamente renascer. As cinzas não aquecem; as águas estagnadas cheiram mal. Bela! Bela! não vale recordar o passado! 0 que tu foste, só tu o sabes: uma corajosa rapariga, sempre sincera para consigo mesma.
E consola-te, que esse pouco já é alguma coisa. Lembra-te que detestas os truques e os prestidigitadores. Não há na tua vida um só acto covarde, pois não? Então que mais queres, num mundo cm que toda a gente o é... mais ou menos? Honesta sem preconceitos, amorosa sem luxúria, casta sem formalidades, recta sem princípios e sempre viva, exaltantemente viva, miraculosamente viva, a palpitar de seiva quente como as flores selvagens da tua bárbara charneca!
                                                                                                 
FLORBELA ESPANCA

     

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